terça-feira, 27 de setembro de 2011

Cacos de vida I

Onze da manhã. Acordou em um quarto bagunçado, cheio de lembranças e vazios espalhados pelo chão. Não se achava nada. Nada mesmo. Vasculhou a sua mente em busca de pedaços que fizesse algum sentido. Nada. Parou por um instante, como se algo a desligasse naquele momento. Seu olhar pesava sobre a bolsa pendurada na cadeira. A sensação era única: a vinda de uma forte tempestade. Não hesitou em abri-la. Alcançou rapidamente o fundo, onde finalmente encontrou o tesouro perdido. Suspirou, dizendo baixinho: "isto deve servir." Aquele pedaço composto de nostalgia a matou rapidamente, trazendo a maléfica mistura de esperança e tristeza, que aos poucos foi preenchendo todo o espaço. Duas palavras com uma força brutal a atingiram em cheio, renovando todo o sentimento já mofado dentro de si. "Te espero." dizia a mensagem em seu aparelho celular. Quase tão mofada quanto.